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sexta-feira, 29 de novembro de 2019

O homem mais rico do mundo


Olá meninas,

São exatamente meia noite de uma quinta-feira, dia 29 de novembro de 2019. O dia foi tão cansativo e corrido, mas minha cabeça estava borbulhando no travesseiro e sabia que não conseguiria pregar os olhos sem antes conversar com você por aqui.... 

Eu queria fazer uma breve reflexão sobre o homem mais rico do mundo. 

Hoje o Top1 da lista mundial de milionários é Jeff Bezos, dono da Amazon e eu acredito que vocês devem conhecê-la no futuro. Seu patrimônio estimado é de 131 bilhões  de dólares.



Seguido pelo famosíssimo Bill Gates, que liderou essa lista por muitos anos e é o fundador da Microsoft, com aproximadamente 96 bilhões de dólares em suas contas bancárias.


No Brasil, um nome de destaque é Abilio Diniz, empresário de renome do Grupo Pão de Açúcar, Carrefour, Brasil Foods,  Itaú,  Unibanco e CBMM e possui em torno de 3 bilhões de dólares. Um homem com uma trajetória muito interessante. Espero que um dia ouça falar dele.


Bom, e o que todos esse homem e principalmente toda essa grana tem a ver com nossa família e especialmente com vocês? O que me fez refletir hoje profundamente sobre dinheiro, fortuna e riqueza? 

Pra começar, vamos fazer uma viagem no tempo e vou contar as lembranças que tenho de quando eu tinha aproximadamente a idade de vcs. 

Eu me lembro do barulho do forte jato de água de uma mangueira velha sendo lançado sobre uma tela de serigrafia. Eu me lembro como ficava fascinada ao ver a mágica da água sobre aquela tela revelar um desenho oculto bem diante dos meus olhos. Eu me lembro que momentos antes, em uma tela branca, meu pai passando uma substancia verde, algumas luzes fortes, mas a hora de jogar a água na tela era realmente mágico. 



Eu me lembro do cheiro da tinta de serigrafia e dos panfletos espalhados por todo lado. Ainda posso sentir o cheirinho da tinta e como eu amava ver a mágica que as telas faziam. Um processo tão artesanal de pintura de milhares de panfletos, camisetas, bonés, chaveiros, realizado dia e noite e por madrugadas a fora. 

E eu amava quando meu pai me deixava passar o rolo de tinta na tela. Ver as cores se combinando, se encaixando e formando um desenho qualquer era realmente mágico. Adorava levantar a tela e ver minha obra de arte! Sim, realmente o que meu pai fazia era uma obra de arte, cansativa, as vezes exaustiva e muitos anos depois descobri que muito pouco valorizada. 





Era um trabalho muito duro, repetitivo e cansativo, e foi com cheirinho de tinta, thinner, mãos calejadas e roupas sempre respingadas que ele tirava nosso sustento e nossos pequenos luxos de vida (como comer um x-tudo no Pit Dog da praça). 

Nossos carros sempre foram, Brasília, Fusca, Variante e uma variedade de carros velhos e surrados. 
Não andávamos em cadeirinhas acolchoadas e com cintos de segurança. Acho que nem cinto esses carros tinham. Me lembro de andar solta no porta malas junto com as latas de tinta e uma infinidade de tranqueiras. 


O carro era velho, mas sempre tinha música, eu adorava isso!!! 

Pink Floyd era a banda mais tocada dentro do nosso carro. Seguida de Zé Ramalho, Fagner e Belchior e tantos outros rits. Eu poderia listar aqui tantos momentos ouvindo essas músicas, mas escolhi com muito saudosismo as musicas abaixo: 










E sobre as músicas ainda, o que eu mais gostava era que eu podia cantar junto, todas elas, no máximo que minha voz aguentasse e meu pai achava o máximo e cantava comigo. Era só entrar no carro, conseguir fazer o carro ligar, com uma pequena dificuldade, e o toca fitas estava sempre ligado e cantávamos juntos por onde seguíamos. 

Só eu e ele, só eu e meu Herói. E eu não precisava me preocupar se estava afinada ou não, aliás eu nem sabia que existia jeito certo de cantar. Pra mim, o jeito certo de cantar era com emoção, caras e bocas, interpretando e sentindo cada letra e melodia que invadia meu coração.  

Eu fui uma criança muito feliz. Eu fui uma criança protegida da maldade do mundo, num mundo de faz de contas onde meu Herói suava a camisa todos os dias para me sustentar. A vida não era fácil, mas era recheada de sorvetes, balas, chicletes e refrigerantes. Han, e tinha os doces da venda, aqueles doces de abóbora com leite, mas os meus favoritos eram os de doce de leite ninho em formato de frutinhas. E tinham os pirulitos em formato de chupeta que eram puro açúcar! Acho que não deixaria vocês comerem isso hoje!☺

Eu sempre achei que eramos muito ricos, afinal eu tinha uma conta ilimitada na venda da esquina que eu podia comprar qualquer coisa que quisesse. É praticamente possuir um cartão de créditos sem limites e nunca ter que pagar as faturas. kkkk



E o que toda essa nostalgia tem a ver com o homem mais rico do mundo?? Calma que vocês já vão entender: 

Hoje, foi a apresentação de balé da Pietra na escola, o encerramento das atividades do balé nesse ano. Claro que estávamos lá, fotografando, filmando e tietando cada segundo. Pais cheios de orgulho do giro de cabeça que ela fez no palco.



Minha menina linda e amada!! Eloá estava no colo, com fome, sono, mas curtiu algumas das apresentações. As duas se parecem tanto!!!



Seu vô Júlio estava lá, ele, a Cris, o Enzo e a Carola. Todos vimos 11 apresentações mas queríamos mesmo ver só nossa pequena Pietra brilhar!


No final, cheios de fome, saímos pra comer, aqui perto de casa mesmo. Restaurante modesto e uma boa comida. Arroz frito com lombo. Brincamos, rimos, derramamos suco na mesa toda, coisa de crianças, ouvimos uma boa música ao vivo, uma cervejinha pro meu pai e um bom papo furado. 

Na hora de pagar a conta, o Manoel como de costume, pagou uma parte no cartão de crédito e meu pai ficou com a outra parte. Fiquei observando ele de longe, abrindo a carteira velha e surrada. Algumas notas aqui, outras ali e pronto. Poucos segundos depois a garçonete veio lhe trazer o troco. 

Ninguém ali da mesa percebeu, eu não sei o que ele disse para aquela moça, mas ouvi ela agradecendo e ficando com o troco. O sorriso dela era radiante, as notas eram pequenas, mas a alegria que ele deu para aquela moça que nos serviu naquela noite foi enorme. Não temos costume no Brasil de dar gorjeta e vi que ela contou o ocorrido para a colega de trabalho, com um sorriso de orelha a orelha. O reconhecimento e a generosidade do meu pai para com aquela moça tocaram meu coração. 

Meu pai sempre foi um homem de poucas posses. Eu não sei quantas notas ficaram ali na carteira dele, mas hoje a noite eu entendi que estava diante do homem mais rico do mundo.



Bilhões de dólares não seriam suficientes para pagar o que ele me ensinou hoje. A riqueza do coração desse homem batalhador, trabalhador, honesto, íntegro e verdadeiro não tem preço. 

Minhas queridas filhas, quando alguém lhes perguntar qual o homem mais rico do mundo, podem dizer com orgulho que é o Júlio Donizete Silva, seu avô, com aproximadamente bilhões de ensinamentos de respeito, honestidade, força de vontade e esperança de um mundo melhor.  

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